O coronavírus (Covid-19) é o assunto do momento em todo o mundo. Em fevereiro, foi confirmado o primeiro caso da doença no Brasil e, nos últimos dias, várias medidas protetivas foram tomadas a fim de evitar a rápida proliferação do vírus. Assim como diversas instituições de ensino, a Universidade Católica de Pelotas (UCPel) suspendeu suas aulas presenciais. Até o momento (16/03), cinco casos suspeitos de coronavírus em Pelotas estão sendo analisados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen/RS).
Médico de um dos principais centros hospitalares de Pelotas, o infectologista Paulo Orlando Monteiro, explica que o Covid-19 é um vírus distribuído entre animais que vem se adaptando aos humanos:
“Agora, finalmente, se adaptou, tanto à infecção direta quanto à transmissão muito eficaz, pelo toque, e de difícil controle”.
Fácil contágio
A transmissão da nova doença é semelhante a de um resfriado comum, ou seja, através de gotículas. “Quando se espirra, sai aquele chuveirinho de secreção e aquilo pode ocupar um espaço de um metro. Quem tiver na volta disso, pode se contaminar”, explica o infectologista que analisa o coronavírus em Pelotas. Tem-se, assim, um dos principais problemas: não saber se está tocando em algum objeto contaminado pelo coronavírus.
Alguns locais são considerados pontos de convergência, sendo preferenciais para a disseminação do vírus. São eles: maçanetas, torneiras, botão de elevador, corrimão do ônibus, ponto eletrônico no trabalho e até mesmo dispensadores de papel. A recomendação é que, posteriormente ao contato com essas superfícies, higienize-se as mãos.
Conforme a temperatura e umidade no local, o coronavírus presente na secreção pode permanecer ativo, no verão, por até dez dias e, no inverno, até 30 dias. “Se estiver frio e úmido, é a condição ideal. Ou seja, Pelotas é uma cidade que tem características bem promissoras para o coronavírus”, avalia Monteiro.
Os dias mais gelados são propícios para o desenvolvimento de doenças respiratórias, igualmente para o coronavírus. “As pessoas tendem a não ventilar os ambientes, fechando a porta de casa, a porta do restaurante, andando em ônibus fechado… Fica todo mundo num local sem circulação de ar. E o ar circulando dilui os vírus”, fala.
Contrair a doença
O médico do Hospital São Francisco de Paula explica que os sinais do coronavírus são de um resfriado comum. A maioria dos casos, portanto, apresentará febre alta, tosse seca, dor no corpo e mal estar. “Cerca de 80% das pessoas ou não vão ter nada ou vão ter uma gripe comum. Todavia, ainda terá aqueles que não vão ter sintomas nenhum, nem vamos saber se foram infectados ou não”, acredita. O sinal de alerta, entretanto, é a dificuldade respiratória.
O risco aumenta conforme a idade e, similarmente, para pessoas com doenças cardíacas, respiratórias de nível crônico e fumantes. “As crianças praticamente não apresentam risco algum de desenvolver a forma mais grave do coronavírus. O que não quer dizer que não possa acontecer eventualmente”, explica o infectologista de Pelotas.
Proteção do coronavírus em Pelotas
A principal recomendação a respeito do coronavírus em Pelotas (e também em qualquer lugar do mundo), é ficar o máximo possível em casa. “Não é momento de fazer congresso, de ir a show, de ir ao cinema, de ir a restaurante, de viajar”, sugere Monteiro. O fato, inegavelmente, é que onde estiver muita gente reunida, o coronavírus terá uma maior possibilidade de transmissão.
Portanto, as dicas do médico são:
- Não se aglomerar, ficando o máximo possível em casa;
- Evitar o contato físico entre as pessoas;
- Cobrir a boca ou o nariz quando espirrar;
- Manter os ambientes bem ventilados;
- Não compartilhar objetos pessoais;
- Lavar frequentemente as mãos com água e sabão;
- Utilizar álcool 70% quando não puder lavar as mãos, pois inativa o vírus;
Essas atitudes visam evitar que muitas pessoas se infectem ao mesmo tempo, o que acarretaria em um colapso no sistema público de saúde. Conforme Monteiro, o Brasil tem que aprender com o que está acontecendo em outros países. “É preciso tomar atitudes mais impositivas e rápidas. Não esperar que a doença evolua como aconteceu na Itália, cujas medidas vieram quando a doença já estava fora do controle”, conclui.